quinta-feira, 2 de maio de 2024

Reinaldo Azevedo: As verdades de Lula no 1° de Maio e da arte de errar menos

 

Da BandNews FM:




Xico Sá escreve sobre a corporativa e historicamente tendenciosa Mídia hereditária que larga a tal 3ª via e adota o ‘bolsonarismo moderado’ de Tarcísio de Freitas pensando em 2026

 

Com o martelo das privatizações em uma mão e o fuzil da PM na outra, Tarcísio de Freitas é o candidato precoce impulsionado pelo barões da imprensa


Artigo de Xico Sá no iclnoticias.com.br:


Nunca a mídia hereditária (também conhecida como imprensa tradicional ou hegemônica) adotou tão cedo um candidato à Presidência da República, como faz no momento com o militar (capitão do Exército) bolsonarista Tarcísio de Freitas.

Agora não tem mais essa de ficar à espera da Terceira Via, uma espécie de milagre de Fátima que não veio em 2018 e muito menos em 2022.

Essa é a grande novidade, o resto é meme.

O negócio é ir direto ao ponto, sem disfarce, e tentar vestir um modelito de “moderado” no carioca neo-bandeirante que comanda São Paulo com o martelo das privatizações em uma mão e um fuzil na outra — número de pessoas mortas por PMs em SP cresce 138% em um ano.

A missão é vender até a água do Estado (a Sabesp será rifada em breve ao mercado financeiro) e eliminar “os suspeitos de sempre” para exibir à sociedade como atrativo eleitoral.  Sangue de pobre e preto dá voto no Brasil.

O “bolsonarismo moderado” é o oximoro da hora. É tendência, é moda & modinha outono-inverno na imprensa.

Oximoro, como se sabe, é a arte de juntar palavras de significados opostos, como morto-vivo, silêncio ensurdecedor, obscura claridade, etc. Bolsonarismo moderado, portanto, é o cúmulo dos oximoros.

O uso e abuso da expressão pela mídia, na tentativa de emplacar Tarcísio (Republicanos) para 2026, lembra o esforço da revista Veja e da Globo em tornar Fernando Collor, então governador de Alagoas, o “caçador de marajás”.

O lançamento do bolsonarismo moderado na mídia coincidiu com o grito de “Volta Bolsonaro”, puxado pelo governador carioca dos paulistas (outro oximoro), na Agrishow, uma festa do Agro realizada em Ribeirão Preto–SP.

Esperto, Tarcísio está de olho no legado eleitoral do ex-presidente, inelegível até 2030. Por precaução, nega em público que irá concorrer ao Palácio do Planalto. Uma candidatura lançada de forma tão precoce pelos barões da imprensa pode sofrer desgastes e não segurar a onda até 2026.

Outro detalhe histórico: os governadores de São Paulo, mesmo com boa aprovação provinciana e torcida midiática, não conseguiram triunfar contra candidatos petistas em eleições presidenciais — casos de José Serra e Geraldo Alckmin, o atual vice de Lula.

Os tucanos não conseguiram ir além das fronteiras estaduais. Ficaram apenas como ilustres desconhecidos em outras regiões do país. Ilustres desconhecidos, aliás, mais um ótimo exemplo de oximoro para finalizar o texto da semana. Até a próxima.


O ultra extremista de direita e radical bolsonarista Jorge Seif Seif teria prometido a Moraes não mais atacar ministros do STF; relator surpreende com produção de provas para decidir sobre cassação

 

Apuração sugere que houve acordão nos bastidores para abrir caminho para a não cassação do senador bolsonarista

Do Jornal GGN:

O senador Jorge Seif. Foto: Agência Senado

O senador Jorge Seif. Foto: Agência Senado

curiosa história do processo de cassação do senador bolsonarista Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, ganhou um novo capítulo. Nesta terça (30/4), o relator do caso, ministro Floriano Azevedo, decidiu converter a AIJE (ação de investigação judicial eleitoral) em diligências, alegando não haver provas robustas de que a campanha do senador cometeu o crime de abuso de poder econômico.

Nesta quarta (1º), um dia após a sessão do TSE, o jornal O Globo informa que Seif teria se encontrado com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes. Com medo da cassação, Seif teria “garantido” a Moraes que não vai mais atacar ministros da Suprema Corte em seus discursos radicalizados.

No começo da tarde de terça, antes do TSE retomar o julgamento de Seif, a coluna de Bela Megale revelou que o relator do processo deu um “cavalo de pau” no relatório da cassação. O repórter Rafael Moraes Moura, da equipe de Bela Megale, havia apurado que Floriano preparou dois relatórios divergentes sobre o caso, sendo o primeiro a favor da cassação. Ele chegou a distribuir cópias aos colegas por e-mail há algumas semanas.

Mas os ventos mudaram de direção depois que Seif, com ajuda de Tarcísio de Freitas, fez uma peregrinação nos gabinetes dos ministros do TSE, na tentativa de reverter a cassação que já era dada como certa. Foi nesse contexto que teria se dado a agenda com Moraes.

O julgamento começou no início de abril. Desde então, duas sessões foram adiadas no TSE (primeiro porque o relator faltou por “questões familiares”; depois, porque Moraes fez viagem internacional), e o debate ficou paralisado na leitura do relatório (sem parecer final), e na sustentação oral das defesas e do Ministério Público, faltando o voto dos ministros.

Nesse hiato, O Globo publicou que o relator preparou uma segunda versão do voto, dessa vez desistindo da cassação.

Além do encontro com Moraes, a coluna reportou que os ministros do Supremo Tribunal Federal acompanham o caso de Seif de perto, pelos possíveis desdobramentos que a cassação de um expoente bolsonarista do sul do País poderia trazer para a Corte.

Seif foi eleito com cerca de 30% dos votos válidos de Santa Catarina, esmagando a votação dos outros dois candidatos ao Senado. A denúncia de abuso de poder econômico alega que Seif foi favorecido por recursos colocados à sua disposição na campanha por empresários bolsonaristas. Entre eles, Luciano Hang, dono das lojas Havan, que teria cedido até aeronaves para Seif.

Na sessão de terça no TSE, o relator da cassação pediu surpreendeu com um relatório não pela improcedência da cassação, mas pela produção de provas a respeito das viagens aéreas.

A maioria do colegiado seguiu o voto do relator, determinando que sejam realizadas as seguintes providências, de acordo com informações do TSE:

  • Oficiar as Lojas Havan para que, no prazo de 48 horas, informem os prefixos de todas as aeronaves empregadas pela empresa, de janeiro de 2022 a março de 2023, seja por propriedade, leasing (uma espécie de aluguel), cessão ou doação e que estivessem à disposição da pessoa jurídica da Havan ou de Luciano Hang, dono da empresa.
  • Solicitar aos aeródromos, helipontos e aeroportos das cidades de São Miguel do Oeste, Balneário Camboriú, Blumenau, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Mafra, São José, Porto Belo, Joinville e Chapecó para que forneçam, em 72 horas, a lista de todas as decolagens e aterrissagens durante o período da campanha, de 16 de agosto de 2022 a 2 de outubro de 2022. Em caso de identificação de eventual operação de aeronaves vinculadas a Havan, deverá ser solicitada a lista de passageiros.

Ainda de acordo com o TSE, o relator Floriano Azevedo [foto] sustentou que para cassar Seif, “é necessário haver comprovação efetiva de abuso do poder político ou dos meios de comunicação. De acordo com o ministro, isso exige que o abuso esteja amparado em prova robusta, clara e convincente”, descreveu a assessoria.

O ministro Raul Araújo, do TSE, divergiu do relator. Segundo ele, ao converter o julgamento em diligência, o TSE estaria reinaugurando a instrução processual.

Entenda o caso

Seif foi acionado pela coligação Bora Trabalhar (PSD, Patriota e União), que pediu a cassação do senador ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, que julgou a ação improcedente. A coligação, então, recorreu da decisão ao TSE, que começou o julgamento em abril.

“As supostas ilegalidades apontadas pela coligação adversária seriam: a cessão de uso, que configuraria doação irregular, de um helicóptero de propriedade de Osni Cipriani para deslocamentos do então candidato Jorge Seif para participar de eventos da campanha eleitoral pelo estado; o uso da estrutura material e pessoal das Lojas Havan, do empresário Luciano Hang, em favor de Jorge Seif; e o usufruto de transporte aéreo, dos canais oficiais da empresa, de uma sala de gravação para lives e de vídeos para redes sociais com o objetivo de promover a campanha do então candidato”, resumiu o TSE.

Além disso, houve suposto financiamento de propaganda eleitoral, por meio de participação na 21ª Semana de Indústria Calçadista Catarinense, evento promovido pelo Sindicato das Indústrias de Calçados da localidade de São João Batista (SC).


O lamento do general: da incriminação à reabilitação dos chamados presos políticos na ditadura militar brasileira, por Lucas Pedretti

 

30 de abril de 2024

Este texto faz parte de uma série especial do Boletim Lua Nova sobre os 60 anos do Golpe Cívico-militar de 1964. Confira os demais textos da série aqui.



Em julho de 1970, no auge repressivo da ditadura militar brasileira, o general Antônio Carlos Murici deu uma entrevista para o Jornal do Brasil, com o objetivo de tornar públicos os resultados de um “estudo” que os militares haviam feito entre os militantes de oposição que estavam presos. As palavras de Murici, à época chefe do Estado-Maior do Exército, nos oferecem a rara oportunidade de observar como o regime operava na construção de estigmas e categorias acusatórias contra seus adversários.

Neste texto, quero partir dessas declarações para tentar compreender a lógica de incriminação preventiva – no sentido pensado por Michel Misse (2011) – dos militares em relação aos chamados presos políticos. Lógica essa que tornava legítima, aos olhos do próprio regime e também de significativos setores da sociedade, as gravíssimas violações aos direitos humanos perpetradas contra os opositores.2 Mas interessa-me aqui, sobretudo, ler essas declarações a contrapelo. Isto é, pensar não apenas naquilo que Murici revela com o que diz, mas principalmente com o que ele não diz.

Os caminhos da incriminação

Segundo o general, a “pesquisa” havia sido realizada com “cerca de quinhentas pessoas detidas atualmente no Exército em todo o país e ligadas verdadeiramente ao terror e à subversão ativa”. Para Murici, a conclusão do “estudo” era que “o movimento comunista internacional procura deliberadamente atingir a mocidade, a fim de conquistá-la, se possível, pela impregnação ideológica”. Para explicar a razão de alguns jovens serem “aliciados” para a “subversão”, o general apresentou quatro grandes causas:

1) desajustes sociais; 2) descaso dos pais pelos problemas da mocidade; 3) politização no meio escolar realizada por estudantes profissionais que despertam e exploram o ódio nos jovens, com o fito de impor-lhes um idealismo político, mesmo temporário; 4) o trabalho de alguns maus professores, hábeis em utilizar a cátedra para fazer proselitismo.

Em seguida, Murici seguiu descrevendo o que ocorria uma vez que o jovem fosse “aliciado”:

Quando membro de uma delas [“organizações clandestinas”], o estudante se afasta, via de regra, dos estudos, da vida familiar. Entra a conviver com desconhecidos, não tem endereço próprio, vive como pária, na maior promiscuidade […]. Sem vontade própria, obedece passivamente — e cedo os dirigentes do grupo tratam de confiar-lhe missões arriscadas que o incriminam em face da legislação penal brasileira.

Perguntado sobre o perfil dos “subversivos”, o general mostrou toda a sua surpresa. “A maioria dos que conspiram contra o aperfeiçoamento do regime e as instituições nacionais vêm, paradoxalmente, das classes A e B, as classes melhor dotadas financeiramente e de onde tendem a sair os futuros chefes”, afirmou. “É doloroso para qualquer um de nós, como cidadãos, como pais, como chefes, deixar sem orientação sadia aqueles que no futuro terão a responsabilidade de conduzir os destinos do país”, concluiu Murici.

A partir desses trechos da entrevista do general Murici, queria levantar, de início, dois pontos de reflexão. O primeiro deles é a existência de uma radical quebra de expectativas, um verdadeiro lamento por ver os “futuros chefes” se integrando em “organizações clandestinas”. Diante disso, parecia urgente, para os militares, encontrar uma explicação que justificasse a situação. A explicação apresentada era, acima de tudo, de ordem moral.

O afastamento da “vida familiar” e a adoção de um estilo de vida baseado na “promiscuidade” eram os primeiros passos seguidos pelos jovens cujos “ódios” haviam sido despertados em razão da “imposição” de uma “ideologia política”. Uma vez que sua pureza moral era desfeita, aquele jovem passava a assumir “missões arriscadas” que o incriminavam frente à lei. Os que seguiam por esse caminho se tornavam, então, “verdadeiramente comprometidos com a subversão”.

É importante chamar atenção para a dimensão moral do processo porque está em jogo aqui a constituição de uma diferenciação radical entre o universo da pureza, da ordem e da virtude e o universo do mal absoluto, representado por esses sujeitos “verdadeiramente comprometidos com a subversão”.

O segundo ponto, complementar deste inicial, é que a mera necessidade de encontrar essa explicação é reveladora de como esses “jovens das classes A e B” não ocupavam o imaginário dos militares como sujeitos tipicamente criminosos. É notável a profunda confusão causada no general ao ver que indivíduos portadores de todos os sinais da pureza — brancos, universitários e pertencentes às classes altas — seguiam um caminho distinto do esperado. Afinal, em sua perspectiva, os indivíduos que carregavam os signos da criminalidade eram outros – e é isto que quero dizer ao sugerir uma leitura a contrapelo de suas declarações.

Recorrendo novamente aos trabalhos de Michel Misse (2022), sabemos que no processo nomeado por ele como “acumulação social da violência”, foram sendo construídos historicamente certos tipos sociais percebidos como tipicamente criminosos e violentos, dentre os quais se destacam categorias como malandros, marginais, vagabundos bandidos. Nos termos de Misse, a construção desses tipos sociais opera como uma forma de “incriminação preventiva”, já que eles significam a constituição da ideia de uma propensão natural ao crime, que é decodificada socialmente por traços que o sujeito apresenta.

Ocorre que, como sabemos, esses tipos sociais são constituídos por uma série de representações baseadas, em larga medida, em características ligadas aos marcadores sociais de classe, raça e território. Por isso, dificilmente os “jovens das classes A e B” presos pelo regime autoritário poderiam ser inscritos em qualquer uma dessas categorias acusatórias. Nesse sentido, novas categorias foram forjadas para tentar dar conta desses novos sujeitos perigosos – especialmente as noções de subversivos terroristas.

Assim, se tomarmos a entrevista de Murici como uma via para compreender a incriminação preventiva dos militantes da oposição, é necessário perceber como não são as dimensões de raça, classe e território que estão em jogo, mas a sua ação política contra o regime. Em outras palavras, os chamados presos políticos integravam o outro lado da fronteira moral que divide o “bem” do “mal” e da fronteira penal que divide a “normalidade” do “crime” por uma via distinta dos bandidos, marginais vagabundos.

Caminhos da reabilitação

Neste segundo momento do texto, sugiro que a observação da questão da prisão política a partir do ângulo sugerido acima nos permite compreender de forma mais evidente o que foi a anistia de 1979. Meu argumento central é que perceber que o regime teve de estabelecer de novos tipos sociais criminosos para incriminar preventivamente os chamados terroristas subversivos nos ajuda a compreender como os militantes encarcerados puderam trilhar uma trajetória específica na tentativa de escapar dessa trama que legitimava a violência estatal contra eles.

Como já dito, não eram os marcadores sociais de raça, classe e território que estavam em jogo, mas a sua ação política, naquele momento vista como ilegítima. Assim, caso os militantes lograssem reverter essa perspectiva, conferindo legitimidade pública aos seus atos, apresentando-os não como crimes, mas como manifestações válidas da luta política, então eles poderiam ser reabilitados moral e penalmente.

Esse foi, portanto, o sentido fundamental das disputas classificatórias entre o regime e as oposições ao longo da década de 1970, e por isso que essas disputas foram centradas na dicotomia crime político vs. crime comum. O que estava em jogo, para os militantes da oposição, era atribuir a percepção de legitimidade para suas ações, incluindo a luta armada.

De fato, um dos eixos centrais da disputa simbólica entre as oposições e a ditadura foi em torno da caracterização da luta armada como uma ação política. Especialmente a partir da segunda metade da década de 70, com o surgimento da bandeira da anistia. Em outras palavras, podemos compreender a luta pela anistia como uma luta voltada para deslocar a fronteira moral entre o “bem” e o “mal” e a fronteira penal entre a “normalidade” e o “crime”.

Como se sabe, ao final dessas disputas, a lei de anistia de 1979 foi aprovada exatamente nos termos formulados pelo regime. Ela garantiu a não-responsabilização dos militares pelos seus crimes ao mesmo tempo em que tentou estabelecer a leitura das ações armadas como ilegítimas, a partir da ideia de “crimes de sangue”. Contudo, quero destacar que ela não foi capaz de interromper as disputas classificatórias em torno da legitimidade da ação dos militantes de oposição.

Tais disputas seguiram com força ao longo dos anos 1980, a partir do surgimento de movimentos sociais como a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e o Grupo Tortura Nunca Mais, bem como de publicações como o Brasil: Nunca Mais. No curso daquela década, as denúncias sobre as graves violações de direitos humanos perpetradas pelo regime se avolumaram, e o fortalecimento de uma leitura crítica sobre os atos dos militares teve como consequência a paulatina reabilitação moral e política dos militantes envolvidos na guerrilha.

Não à toa, esse processo abriu caminho inclusive para as formas de reconhecimento estatal que viriam a ocorrer a partir da década de 1990, na forma da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos de 1995; da Comissão de Anistia de 2002 e da Comissão Nacional da Verdade de 2012. De fato, do ponto de vista do Estado, apenas sob o governo Bolsonaro essa visão seria revertida, com a promoção de medidas oficiais voltadas para reforçar a ideia de que as ações armadas pertenciam ao plano do “mal” absoluto, em termos morais, e do crime, em termos penais.

Ocorre que, se por um lado a anistia de 1979 foi incapaz de estabelecer um limite estanque que estabilizasse a percepção social da luta armada como uma ação ilegítima, por outro todo esse processo constituiu uma fronteira bastante rígida em torno da dicotomia crime político vs. crime comum.

Assim, ao final desse processo os antigos subversivos terroristas puderam ser reintegrados e essas categorias deixaram de operar como constitutivas de tipos sociais a serem preventivamente incriminados no regime democrático pós-ditadura. No entanto, aqueles outros tipos sociais construídos ao longo da acumulação social da violência continuaram intocados. Os bandidos, marginais vagabundos de que nos fala Misse adentraram a democracia ainda sob as marcas dos processos de incriminação preventiva que legitima todas as formas de violência estatal contra eles.

Uma passagem da Assembleia Nacional Constituinte é exemplar nesse sentido. Nos debates sobre a tortura, o constituinte Narciso Mendes, do PDS, expressou essa perspectiva:

A imagem do preso político, de triste memória, cruelmente torturado, parece levar a sociedade quando se fala em “tortura ou tratamentos cruéis” a tratar o criminoso perigoso (assaltante, latrocida, estuprador) no mesmo nível de um preso político. O que fazer a polícia ou os agentes de segurança pública diante de um assaltante perigoso, de arma em punho, para desarmá-lo? Será que os argumentos bastam? Será que a medida mais correta não seria desarmá-lo a qualquer custo? Será que num entrevero dessa ordem o policial não tenha que aplicar técnicas avançadas de defesa pessoal? Será que nesta defesa o criminoso não tenha que sofrer tratamento qualificado como cruel? O avanço da criminalidade e perversidade que se tem notícia parece recomendar que para tais crimes o tratamento ou será na base do “dente por dente”, “olho por olho” ou o policial não terá condições de enfrentar o criminoso(Apud Utzig, 2015, p. 33, o grifo é do autor).

A frase do Constituinte é emblemática porque revela tanto o processo de reabilitação moral e política dos militantes, outrora acusados de serem terroristas subversivos, quanto a manutenção dos antigos estigmas em torno do “criminoso perigoso”. O uso nada fortuito da ideia de que estes e os presos políticos não poderiam ser tratados “no mesmo nível” é reveladora de como essa dicotomia entre o político e o comum não funciona apenas para diferenciar. Ela hierarquiza. E ao compreender que essa hierarquia não é natural, e que ela foi historicamente estabelecida como resultado dos conflitos classificatórios que se deram no curso da redemocratização, podemos abrir caminho para pensar nas implicações contemporâneas da manutenção dessa clivagem.

Implicações que, quero apontar para concluir, são de ordem analítica e política. Analítica porque limitam as lentes a partir das quais miramos para o passado ditatorial, e nos impedem de conhecer a real extensão da violência de Estado naquele período. E política porque dificultam a urgente tarefa de compreender a dimensão profundamente política da violência de Estado do nosso presente democrático, que se expressa na forma de um verdadeiro genocídio contra a juventude negra perpetrado pelas polícias nas favelas e periferias do Brasil.

Este texto não representa necessariamente a opinião do Boletim Lua Nova ou do CEDEC.

Referências bibliográficas

MISSE, Michel. Malandros, marginais e vagabundos & a acumulação social da violência no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lamparina, FAPERJ, 2022.

MISSE, Michel. O papel do inquérito policial no processo de incriminação no Brasil: algumas reflexões a partir de uma pesquisa. Sociedade e Estado, 26(1), 2011, pp. 15–27.

PEDRETTI, Lucas. A transição inacabada: violência de Estado e direitos humanos na redemocratização. São Paulo: Companhia das Letras, 2024.

UTZIG, Mateus do Prado. A proibição da tortura na Constituinte de 1987-1988: entre demandas por justiça e reconciliação nacional. Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, 2015.

1 Graduado e mestre em História pela PUC-Rio, doutor em sociologia pelo IESP/UERJ, onde atualmente é pesquisador de pós-doutorado. É professor de História no ensino básico na rede pública. E-mail: lpedrettilima@gmail.com

2 O texto retoma e aprofunda uma discussão feita em minha tese de doutorado, publicada em abril deste ano na forma do livro A transição inacabada: violência de Estado e direitos humanos na redemocratização(Pedretti, 2024).

Fonte: Memórias da Ditadura. Fotografia “Todos negros”, de Luiz Morier (1982). Disponível em: <https://memoriasdaditadura.org.br/militarizacao-do-cotidiano/>. Acesso em: 12 abril 2024.

Tarcísio de Freitas, a mais perigosa expressão do bolsonarismo, por Luís Nassif

 

Tarcísio repetiu a jogada de Paulo Guedes com precatórios, tirando dos pobres para entregar aos ricos


Jornal GGN:

Poder 360

Artigo de Luis Nassif

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, é administrativamente medíocre. Mostrou no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), transformando-o em balcão de negócios para empresas ligadas a militares. Mostrou-se no Ministério de Infraestrutura de Bolsonaro, deixando as estradas federais na pior condição em décadas, segundo estudos da Confederação Nacional dos Transportes.

No governo de São Paulo tem colocado em prática o aprendizado com o bolsonarismo.

Primeiro, no campo dos grandes negócios ocultos.

No final do ano passado, repetiu a jogada de Paulo Guedes com precatórios, na melhor prática de como tirar dos pobres e entregar aos ricos. De um lado, deixou atrasar precatórios do estado – em geral precatórios alimentícios. De outro, fez aprovar uma lei permitindo o pagamento de ICMS com precatórios.

O jogo é simples. Apertado, o pequeno titular de precatórios vende seus direitos com enormes deságios – que chegam a 50%. O escritório de advocacia ou instituição financeira adquire e vende, depois, para empresas quitarem seus débitos em ICMS.

Foi o mesmo método adotado pelo ex-Ministro Paulo Guedes: de um lado, atraso no pagamento de precatórios; de outro, abertura para sua utilização em negócios públicos. É uma versão um pouco mais sofisticada da famosa “caixinha de Ademar”, utilizada pelo ex-governador Ademar de Barros.

O segundo ponto é no aparelhamento da Polícia Militar. Em editorial de hoje, após uma abertura elogiando Tarcísio, a Folha trata o fato como se fosse um mero caso de empreguismo na área pública. Não se deu conta que se trata de uma corporação armada, da qual foram expelidos todos os comandantes legalistas e aberto espaço para transformação uma corporação de Estado em uma milícia.

Os massacres de Guarujá precedem a milicialização da PM de São Paulo, da mesma maneira como ocorreu no Rio de Janeiro. E de modo semelhante ao da rebelião da PM do Ceará, contida de modo quase heróico por Cid Gomes.

A reação de Tarcísio às críticas – “não estou nem aí” – ou sua menção ao suposto apoio que recebeu de empresários da baixada santista demonstram claramente sua intenção. Sem controle algum do Ministério Público Estadual, sem limites impostos pela Justiça paulista, o que impedirá setores da PM de se aliarem a organizações criminosas, como ocorre no Rio de Janeiro?

A enorme burrice institucionalizada do país – e da mídia – impede qualquer análise prospectiva, mesmo em temas óbvios. O carro, sem freios, caminha em direção ao abismo, e ficam todos olhando, aparvalhados. Quando despenca é aquele frenesi: como aconteceu?

O terceiro ponto de Tarcísio foi tirar a gratificação de professores que trabalham em áreas críticas e, pior que isso, acabar com o apoio que o Estado dava a alunos com deficiência na rede escolar. Havia uma seleção de apoiadores, com cursos de pedagogia, incumbidos da assistência a todas as crianças com deficiência na sala de aula.

Um dos grandes avanços civilizatórios brasileiros – a educação inclusiva – foi transformado em ação familiar: família que quiser, tem que pagar pela pessoa que irá apoiar seu filho, sem ter a menor orientação sobre quem está apto ou não a apoiar.

Repito o que já disse em outros momentos: Tarcísio é a maior ameaça à democracia, maior até que Bolsonaro. Primeiro, por ser genuinamente oriundo do segmento militar. Depois, por não ter o histrionismo de Bolsonaro. Terceiro, porque terá o apoio de parte da mídia para convencer a população de que ele é dom Sebastião da Terceira Via.

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Na Alemanha, Eduardo Bolsonaro se reúne com neta de ministro de Hitler. Reportagem de Eduardo Barreto e Athos Moura na coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles

 

Do Metrópoles:

Na Alemanha, Eduardo Bolsonaro se reúne com neta de ministro de Hitler

Em périplo na Europa, Eduardo Bolsonaro encontrou deputada alemã de extrema-direita

 atualizado 

Eduardo Bolsonaro e Beatrix von Storch

Eduardo Bolsonaro se encontrou na terça-feira (30/4) com a deputada alemã de extrema-direita Beatrix von Storch, neta do ministro de Finanças de Adolf Hitler. O deputado faz um périplo pela Europa. Nas redes sociais, von Storch chamou Eduardo de “amigo”.

O encontro aconteceu no Parlamento alemão. A deputada afirmou que “nós patriotas estamos juntos pela democracia, liberdade e Estado de direito”. Já Eduardo resolveu atacar o ex-chefe do avô de von Storch. “Os tempos estranhos atuais no Brasil lembram o incêndio do Congresso alemão em 1933, que foi a desculpa usada por HtL!€r para perseguir seus opositores”, escreveu em seu perfil no Twitter. Antes de visitar a Alemanha, Eduardo Bolsonaro esteve na Hungria e se reuniu com o primeiro-ministro Viktor Orbán.

Storch é do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), que tem discursos racistas. Poucos meses antes do encontro da deputada com Bolsonaro, em 2021, a legenda foi colocada em vigilância pela Inteligência alemã como ameaça à ordem democrática do país.

No ano passado, a deputada retornou ao Brasil junto com outros parlamentares alemães. Na ocasião, eles visitaram o Tribunal Superior Eleitoral e se reuniram com o presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, que foi alvo de um ataque de von Storch logo em seguida, ao ser chamado de “maior criminoso do Brasil”.

Nas redes sociais, ela postou a seguinte mensagem: “Relato da viagem ao Brasil: Tivemos a ‘honra’ de conhecer o maior criminoso do Brasil: Alexandre de Moraes, o todo-poderoso supremo de todos os juízes, que não só julga tudo como também comanda a polícia e o Ministério Público e assim representa a acusação. O coração de todo totalitário bate quando vê o poder desse senhor”.

Tarcisismo.... a nova cara do bolsonarismo tratado como "moderado" pela mídia golpista empresarial (Globo, Estadão, Folha, Faria Lima)...

 Tarcisismo a nova velha face do bolsonarismo maquiado pela grande mídia






Família Bolsonaro se alia a neonazistas

 

Do Blog da Cidadania:

O bolsonarismo e a extrema-direita brasileira mostram o que pretendem ao fecharem acordos com grupos neonazistas NOTA: EM UM PONTO DO VÍDEO FOI DITO QUE BEATRIX VON STORCH É NETA DE HITLER, QUANDO, NA VERDADE, É NETA DE UM MINISTRO DE HITLER. MAS EM OUTRO PONTO ESSA INFORMAÇÃO ESTÁ NO VÍDEO. SEJA COMO FOR, SER NETA DE HITLER OU DE SEU MINISTRO NÃO MUDA OS FATOS



terça-feira, 30 de abril de 2024

Grupos de aspecto neonazista (extrema-direita) espalham discurso de ódio sem moderação das plataformas digitais, conforme mostra relatório da Global Project Against Hate and Extremism (GPAHE — Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo)

 

Mais de 20 grupos extremistas estão ativos e organizados no Brasil, e boa parte deles espalha seus discursos de ódio na internet, sem qualquer moderação das plataformas.

Da Agência Pública , reproduzido no iclnoticias.com.br:

Grupos espalham discurso de ódio sem moderação das plataformas digitais


Por Danilo Queiroz — Agência Pública

Mais de 20 grupos extremistas estão ativos e organizados no Brasil, e boa parte deles espalha seus discursos de ódio na internet, sem qualquer moderação das plataformas.

Um mapeamento do Global Project Against Hate and Extremism (GPAHE — Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo), organização de defesa de direitos humanos, ao qual a reportagem teve acesso, localizou grupos de extrema direita em atuação no país e constatou que muitas das organizações extremistas listadas usam as redes sociais para disseminar mensagens de ódio, violência e discriminação.

O estudo do GPAHE lista o Instituto Conservador-Liberal, fundado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como entidade que promove conteúdos LGBTfóbicos, misóginos e de fundamentalismo religioso. Ele cita também o Partido Liberal (PL) como propagador de discursos LGBTfóbicos e ódio contra mulheres.

Boa parte das organizações mapeadas que promovem extremismo tem perfis em redes como Facebook, X (antigo Twitter), YouTube e Telegram.

Coordenadora do estudo, Heidi Beirich diz que o Brasil é um terreno fértil para o crescimento de grupos extremistas por ser “a segunda nação que mais gasta tempo na internet no mundo e pela falta de regulação das plataformas”.

Os debates em torno do Projeto de Lei 2.630/2020, que pretende regular as redes sociais, esquentaram depois dos ataques do dono da rede X, Elon Musk, ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Contudo, no início de abril, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), diminuiu o ritmo para aprovação da proposta quando anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai analisar o texto.

Enquanto isso, a pesquisadora do GPAHE diz que houve uma “escalada de grupos extremistas no Brasil à medida que as mídias sociais passaram a ser usadas mais por grupos e indivíduos para espalhar medo, desinformação e conteúdo desumanizante”. Ela ainda afirma que “Bolsonaro e sua família foram um fator definitivo no crescimento do extremismo de extrema direita no Brasil”.

Extremismo: LGBTQIA+ é alvo

De acordo com o mapeamento sobre extremismo realizado pelo GPAHE, São Paulo é o estado com mais grupos extremistas em atividade — oito entre as 22 organizações localizadas na pesquisa.

O Rio de Janeiro e Santa Catarina ficam em segundo e terceiro lugar, respectivamente. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste reúnem 68% dos grupos. O Norte é a única região onde a pesquisa não apontou organizações em atividade.

A população LGBTQIA+ é o alvo mais frequente do extremismo. Entre as organizações que estão presentes nas redes sociais, a Força Nacionalista Brasileira (FNB) faz postagens misóginas em sua página do X.

Quando o Parlamento francês tornou o aborto um direito previsto na Constituição, a FNB fez postagens associando mulheres pró-aborto a “cúmplices do morticínio de bebês” e “asseclas do diabo”.

Publicação da Força Nacionalista no X relaciona mulheres pró-aborto a “cúmplices do morticínio de bebês”. Fotos: Reprodução Redes Sociais

Na rede X, o grupo nacionalista branco, que defende a separação do Sul do restante do país, Falanges de Aço, faz postagens racistas e xenofóbicas contra nordestinos.

Eles espalham cartazes com mensagens de ódio pelas ruas de Porto Alegre e, em novembro de 2022, participaram de manifestações antidemocráticas que reuniram bolsonaristas na capital do Rio Grande do Sul.

No ano passado, o grupo extremista perdeu sua conta do Instagram e um canal no Telegram, segundo o relatório, mas não se sabe se as contas foram removidas por moderação das plataformas. A conta do X permanece ativa.

A Resistência Sulista (RS) é um pequeno grupo separatista que atua em rede com a Milícia Independente do Sul e a Falange de Aço. Eles perderam o canal do Telegram, mas ainda mantêm um grupo privado do Facebook, onde dizem que são contra “o liberalismo hegemônico global em todas as suas formas, seja da direita ou da esquerda”. O grupo, de acordo com o relatório, tem mais de 500 seguidores.

Em dezembro do ano passado, o canal da Força Nova do Brasil no Telegram reunia mais de 200 seguidores. Eles são um braço brasileiro do partido político italiano neofascista Forza Nuova, que defende o nacionalismo branco, critica imigrantes e pessoas LGBTQIA+. No Brasil, eles celebram a ditadura militar e espalham conteúdos LGBTfóbicos. A pesquisa da GPAHE localizou também “publicações que elogiam grupos neonazistas” entre as postagens do grupo.

Já a Frente Integralista Brasileira, segundo o relatório, é a maior organização do movimento integralista moderno do Brasil. Eles têm páginas ativas no YouTube e Facebook. O grupo possui ao todo quase 4 mil seguidores.

No site da organização, há informações que comprovam a instalação de uma sede em São Paulo, uma aba que especifica membros do conselho diretor nacional, além de uma sessão de documentos e diretrizes para se tornar membro. Eles realizam uma campanha de contribuição com mensalidades que podem chegar até R$ 60.

O relatório aponta também grupos que se sustentam vendendo produtos nazifascistas na internet. O Movimento Linearista Integralista Brasileiro (MIL-B) mantém uma página com notícias, podcast, vídeos, e-books e produtos com símbolos integralistas.

O grupo representa o movimento fascista nascido na década de 1930, com a Ação Integralista Brasileira (AIB), cujo lema era “Deus, pátria e família”. Décadas depois, Bolsonaro usou o mesmo lema em sua campanha para a Presidência.

Extremismo: instituto criado por Eduardo Bolsonaro é citado no estudo

Criado por Eduardo Bolsonaro, o Instituto Conservador-Liberal oferece cursos e outros conteúdos a partir de financiamento dos usuários. Os valores mensais para se tornar aliado vão de R$ 25 a R$ 250. Já a doação única pode chegar até R$ 5 mil.

O estudo do GPAHE indica que os conteúdos publicados pela entidade têm teor nacionalista, sexista e antiaborto.

O Instituto Conservador-Liberal tem site e newsletter e está presente em redes como WhatsApp, YouTube, Instagram, Facebook e X. Somando as plataformas, eles ultrapassam 100 mil seguidores.

O relatório da GPAHE relaciona o Instituto Conservador-Liberal  à organização americana pró-Trump de extrema direita Conservative Political Action Conference (CPAC). Em 2022, a Agência Pública mostrou que o instituto de Eduardo Bolsonaro promoveu eventos da CPAC com patrocínio da rede social Gettr, comandada pelo ex-assessor de Trump.

A pesquisa da GPAHE cita também o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Bolsonaro e do seu filho, entre os grupos que promovem extremismo. “Esse partido entrou na nossa lista como grupo extremista de ódio por ser parte significativa do crescimento da extrema direita no Brasil. Essa escolha se deu porque no PL há demonização de uma comunidade-alvo, com frente de atuação antimulher e anti-LGBTQIAPN+”, dizem os pesquisadores.

A Pública questionou a Meta, Google e YouTube, citadas no estudo entre as plataformas onde grupos extremistas e de ódio espalham suas mensagens sem sofrer moderação de conteúdo.

Em nota, a Meta informou que “as políticas da rede proíbem conteúdo que incite ou promova violência, tampouco permite a presença de pessoas ou organizações que anunciem uma missão violenta ou estejam envolvidas em atos de violência nas plataformas da Meta. Isso inclui atividade terrorista, atos organizados de ódio, assassinato em massa (ou tentativas) ou chacinas, tráfico humano e violência organizada ou atividade criminosa”.

Embora os conteúdos citados pela reportagem não tenham sido derrubados, a empresa disse que “remove conteúdo que expresse apoio ou exalte grupos, líderes ou pessoas envolvidas nessas atividades, e também não permite discurso de ódio no Facebook e no Instagram, retirando qualquer conteúdo que viole nossos Padrões da Comunidade”. O YouTube e o Telegram não responderam até a publicação.

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